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MUSEU DO BANRISUL

A origem do Museu Banrisul remete a meados da década de 1970, quando começa a circular a ideia da criação de um Museu dentro do Banco do Estado do Rio Grande do Sul. Cezar Umberto Nunes Machado, empregado do Banrisul e um dos primeiros museólogos do Estado, desenvolveu e executou um projeto de constituição de acervo, coletando objetos localizados nas dependências do Banco, de 1980 a 1991.

A partir da criação do Museu em 20 de março1980, pela diretoria do Banrisul, iniciou-se o processo de arrecadação das primeiras peças que estavam dispersas e sem uso. Coletadas em departamentos e agências, posteriormente, seriam catalogadas e expostas. Seu plano vislumbrava “preservar e demonstrar toda a trajetória histórica do Banco que, com o decorrer do tempo, poderia se perder”, assim a salvaguarda das peças que contassem a trajetória das atividades bancárias, o cotidiano e a vida funcional foi uma de suas primeiras ações.

A referência à biografia e trajetória de César Humberto nos possibilita o entendimento da instituição Museu Banrisul, pois a elaboração, coordenação, salvaguarda, escolha e formação daquela equipe, partiram de sua experiência como profissional na área de museologia e artes plásticas. Bacharel em Museologia pela UNIRIO em 1978 e membro do ICOM – International Council of Museums. O museu também esteve intrinsicamente relacionado à sua passagem pelo antigo Departamento de Recursos Humanos, Secretaria Geral e Assessoria de Marketing. Sua trajetória remete à crescente preocupação em preservar a memória institucional e, também, aos primórdios da Museologia no Brasil.

Inicialmente o Museu funcionava como Reserva Técnica e espaço para visitação, no mesmo local, um prédio localizado na Rua Otavio Rocha, no centro de Porto Alegre. Posteriormente, em 1994, foi aberta a sala de Exposições na Casa de Cultura Mario Quintana, também no centro de Porto Alegre. Entre os anos de 2004 e 2011 o museu também ocupou uma sala no andar térreo do Memorial do Rio Grande do Sul.

Em 2012, um grupo de funcionários iniciou a elaboração de um projeto de revitalização e sustentabilidade para o Museu Banrisul no qual foram reelaborados e ampliados os conceitos norteadores das atividades desta instituição de memória. Em 18 de abril de 2013 foi publicada a resolução nº4684 da presidência do Banco, determinando a alteração da subordinação do Museu no organograma do Banrisul, transferindo-o da Unidade de Marketing para o Grupo Estratégico de Gestão Socioambiental. Em dezembro de 2013 sua área temática começou a veicular no Portal Banrisul, onde divulgará as ações do Museu, seu acervo e sua relevância na economia do Estado.

Acesse em http://www.banrisul.com.br/, no menu Áreas Temáticas Banrisul –Museu Banrisul.

Atual equipe, formada em 2013:         

Meriane Flores- Acadêmica de História

Pedro Hermida Cruz – Historiador

Regina Amrani- Jornalista

Jane Rocha de Mattos – Historiadora

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TARCÍSIO TABORDA, UM NOME A SER LEMBRADO!

Hoje, 13 de março, lembramos os vinte anos da partida do historiador Tarcísio Antônio Costa Taborda, que marcou a bicentenária cidade de Bagé, por um trabalho que confluiu na pesquisa e preservação de acervos históricos, destacando a cidade no mapa do estado do Rio Grande do Sul.

O bageense Taborda é descrito por Elvira Nascimento como “[…] Um dos grandes historiadores dessa ponta de Brasil e que, submeteu a um inquebrantável humanismo, as mais diversificadas funções que exerceu: professor de História e Direito, magistrado, diretor das Faculdades Unidas de Bagé, vice-reitor da Urcamp, vereador, escritor, jornalista, diretor de Cultura de Bagé e do Estado quando tornou real o sonho da Casa de Cultura Mário Quintana e pré-inaugurou-a.” Mas foi o seu trabalho na cidade natal que o destacou, especialmente como fundador e organizador do Museu Dom Diogo.

O Museu Dom Diogo é um espaço da memória local, que abrange tesouros em formas de objetos, que resignificam fatos e personagens desta fronteira ao sul do país. Mas sua reflexão acerca da memória garantiu que outros bens culturais pudessem ser preservados, e assim surgiram o Museu de Santa Tecla e o Museu da Gravura Brasileira, fato este sempre alinhado a pesquisa histórica na produção de seus inúmeros livros, que o alçou a cadeira número18 da Academia Rio-Grandense de Letras.

Tamanho trabalho em prol da história e da museologia, foi reconhecida pelo Conselho Federal de Museologia em 18 de dezembro de 2008 (dia do museólogo), no Museu Histórico Nacional no Rio de Janeiro, com a medalha do Mérito Museológico, recebida por sua filha Maria Bartira e da mesma forma agraciado por diversos títulos e condecorações de outras instituições.

A grande produção cultural de Tarcísio Taborda, marca a garantia de um direito básico, o direito do acesso a memória, como alguém que sempre esteve atuando com os mais diversos institutos e núcleos de pesquisa em história do país, recebendo como homenagem, a honra de ser o patrono do Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda em Bagé.

Tarcísio Taborda, um nome a ser lembrado!

Tarcísio Taborda presente!

Joel Santana da Gama (Historiador/ Pós Graduado em Educação em Direitos Humanos – Coordenador do Sistema Estadual de Museus do Rio Grande do Sul)

*Publicado originalmente no Site Clic Canaquã

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DISCURSO DO SECRETÁRIO ASSIS BRASIL NA 4° CONFERÊNCIA ESTADUAL DE CULTURA DO RS EM LAJEADO/RS

Senhoras, senhores

O Rio Grande do Sul é o Estado mais diverso, em sua composição étnica, linguística e cultural. A partir de uma rarefeita, mas antiga e nobilíssima cultura dos povos indígenas, que aqui nos precederam em 10 mil anos, vieram, a partir dos inícios do século XVIII, povoadores portugueses continentais, depois portugueses insulares dos Açores e, juntos, e à força, grandes contingentes africanos e então, a contar da década de 1820, as levas de alemães e italianos, bem como argentinos e uruguaios, a que vieram a somar-se, já no século XX, a estrangeiros das mais variadas latitudes: judeus, palestinos, turcos, japoneses, coreanos, sírio-libaneses, poloneses, eslovacos; isso sem contar estrangeiros avulsos: espanhóis, franceses, britânicos, suíços, tchecos, russos, enfim; o Rio Grande assume o papel invulgar de espaço de acolhida, aberto para o mundo e com ele dialogando.

Esse mosaico, longe de nos fragmentar, nos une e nos fortalece. No Rio Grande, a diversidade é nosso dia-a-dia. Sabemos conviver com ela e não nos causa nenhum espanto encontrarmos sobrenomes que incorporam, numa só pessoa, a mais complexa árvore genealógica.

As zonas de sombreamento cultural geraram situações de verdadeiras sínteses de hibridismo, com as quais convivemos há décadas.

Se pensarmos exclusivamente em termos de tempo decorrido, o Rio Grande foi uma das últimas regiões do planeta a ser colonizada pelo europeu. Em juventude nos ganha, e por pouco, apenas a Austrália. Quando aqui pisou o primeiro colonizador, o Mosteiro de São Bento, de Salvador, já era velho de dois séculos.

É verdadeiramente incrível que em tão pouco tempo e sendo tão vários, tenhamos consolidado uma cultura e uma poderosa identidade. Não podemos incidir no lugar-comum de dizer que foi o trabalho que nos fez assim, foi a determinação, foi o caráter etc.

Não cabe aqui ir à busca de explicações amadoras, mas não podemos deixar de levar em conta as convulsões sociais, políticas e bélicas que ocorreram no Rio Grande do Sul, da qual a Revolução Farroupilha é o exemplo mais visível, a qual nos fez independentes por dez anos do Império. A não esquecer, também, a circunstância de que foi aqui, no Rio Grande, que se travaram todas as guerras externas de nosso país. À parte essas singularidades, dois movimentos nacionais tiveram sua origem aqui: a Revolução de 30, que pôs abaixo a oligarquia da primeira república, e a Legalidade, que alterou um quadro político francamente golpista. O resto deixo à reflexão e à intuição de meus ouvintes.

Senhoras, senhores.

Uma conferência de cultura no Rio Grande do Sul, deve ser e será, um espaço discussão em que toda essa diversidade e forte  identidade virão necessariamente à tona. Somos um povo, mas somos muitos povos; somos um, mas somos múltiplos. A formação histórica do Rio Grande explicará as diferentes linguagens, trejeitos e modos de entender a vida, mas também será a pedra de toque para entendermos o quanto ainda restam desigualdades econômicas e sociais, que o governo do Estado, em suas políticas públicas inclusivas, tem feito por superar e está vencendo essa batalha.

Com isso quero dizer que algumas tensões daí decorrem, e são perfeitamente compreensíveis, e este é o foro para discuti-las num plano de mútuo respeito e franca colaboração.

Este evento tem o tema: Uma política de Estado para a cultura: desafios do Sistema Nacional e Estadual de Cultura. A dimensão e a vastidão da proposta possui um caráter ambicioso, mas isso nunca nos assustou. Levando-a a bom termo, estaremos prontos para a Conferência Nacional de Cultura, a realizar-se em novembro, na Capital Federal.

Ao final de nosso encontro, esperamos atingir um expressivo número de estratégias para aprimorar ainda mais a boa articulação e a cooperação já em curso entre os municípios gaúchos, o Estado do Rio Grande do Sul e a União Federal. Queremos, agora, que essa articulação política e programática, que já nos tem dado tantos bons frutos, possa chegar cada vez mais à população gaúcha e às culturas que nos compõem. Almejamos uma estratégia de atuação que nos possibilite chegar, para além das populações urbanas de nossas grandes cidades, aos povos de todo este vasto território.

Para tal, atualizamos e fazemos uso de nossa tradição de população ativa em sistemas de participação e controle social na gestão das políticas públicas de cultura. Na terra do Orçamento Participativo e do Sistema de Participação, nossa estrutura melhora a cada ano. Já instituímos 11 colegiados setoriais, realizamos dezenas de Diálogos Culturais, e conformamos participativamente políticas de Estado para a Cultura, com o nosso Plano Estadual de Cultura e nosso Sistema Estadual de Cultura, aprovado na AL e sancionado hoje pela manhã pelo governador Tarso Genro. E, agora, realizamos agora a quarta conferência. Com isso, garantimos instrumentos institucionais de Estado, não apenas de governo.

Nossa parte, enquanto órgão gestor do sistema, está sendo realizada. Em menos de três anos, captamos mais de 1.500% de recursos federais em comparação com quatro anos do governo anterior. Aumentaremos nosso orçamento em 516% em 2014 na comparação com 2011, primeiro ano de nosso governo. Liberamos mais de R$ 85 milhões já captados em três anos de Lei de Incentivo à Cultura (LIC) e operamos R$ 20 milhões em Fundo de Apoio à Cultura (FAC) no período. Com o Ministério da Cultura, estamos em plena construção da Sala Sinfônica da Ospa, a modernização de mais 125 bibliotecas e a implementação de 160 pontos de cultura em todo o Estado.

Muito já fizemos. E ainda falta muito. Por isso, trabalharemos aqui, governo, Conselho, colegiados, delegados e observadores para debater experiências de elaboração, implementação e monitoramento de Planos Municipais e Setoriais de Cultura e propor estratégias para o reconhecimento e fortalecimento da cultura como um dos fatores determinantes do desenvolvimento sustentável. Outra intenção é universalizar o acesso à produção e à utilização dos bens, serviços e espaços culturais. Portanto, aproveitemos este momento em que governos estadual, municipais e sociedade se reúnem para pensar conjuntamente, a fim de corrigir rumos e melhorá-los com a qualidade do conhecimento coletivo.

Destaquei acima a aprovação do Sistema Estadual de Cultura. Este instrumento nos será muito útil daqui para frente, seja para a articulação institucional com o MinC e com os municípios, seja para estabelecer uma racionalidade na atuação de nossos órgãos gestores e de participação. Esta racionalidade reflete-se nas três áreas que compõem o Sistema: o planejamento, a participação e o financiamento.

Em todas elas temos grandes avanços nos últimos anos, que agora se consolidam com um Sistema transformado em Lei. Com o Sistema teremos um Plano Estadual de Cultura para planejar; Conferências, Colegiados e Diálogos Culturais para participar; e a Lei de Incentivo à Cultura e, principalmente o Fundo de Apoio à Cultura, para financiar o que vem desse planejamento e é otimizado pela participação constante de nossa comunidade cultural. No Rio Grande do Sul, as políticas públicas para a cultura têm se orientado a partir de um conceito transversal, que entende a cultura como primordial para o desenvolvimento artístico, econômico e cidadão do Estado. Aproveitemos esta conferência para colocar a cultura no centro das estratégias de desenvolvimento social e econômico de nosso Estado.

Para encerrar, é nosso maior desejo, enquanto pertencente à equipe desta Secretaria de Estado, que a Conferência seja percebida em sua dimensão maior, que é de levarmos a pensar a cultura de maneira integrada e colaborativa e agora, sob a égide, pela primeira vez na história, de um Sistema institucionalizado por Lei.

Preciso encerrar.

É possível que aos mais atentos não tenham passado despercebidos os reiterados léxicos “sistema”, “lei”, “plano” que percorreram minhas palavras.

Como pensar em sistemas, no atual pensamento pós-hegeliano, pós-moderno e desconstrutor de certezas? Como falar em lei quando parece que descumpri-la é a tônica do momento? Como falar em “plano”, numa era do improviso e da informalidade?

Sei que para uma camada de desatinados, como os que depredaram o Museu Júlio de Castilhos há menos de uma semana, a esses repugna falar em planos, sistemas, leis, como se fossem entidades ultrapassadas pelo improvisado efêmero de nossos dias.

Mas aqui não podemos deixar em branco a afirmação de nossa confiança de que instrumentos políticos, quando legislados pela vontade comum e sistematizados, são garantidores da plenitude da vida social, do exercício da democracia e da plena participação cidadã.

Talvez o Estado, como ente coletivo de entendimento do político, talvez o modelo da democracia representativa não sejam os ideais, mas é o melhor que a inteligência humana avançou até agora.

Talvez as pessoas já não se sintam plenamente representadas por agremiações políticas e busquem novas formas de participação – temos de ter a cabeça no lugar para entender esse fenômeno, mas sem abrir mão daquilo que socialmente construímos a duras penas.

Justificamos, assim, o nosso esforço destes dias. Valerá o esforço de pensar nossa cultura, assim como vale estarmos vivos e sermos chamados a esta tarefa que irá incorporar-se às coisas boas que fizemos em nossa existência.

Bom trabalho a todos.

Luiz Antonio de Assis Brasil (Secretário de Estado da Cultura do RS)

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UM LEGADO EM PROL DOS MUSEUS

Há uma década os museus eram espaços praticamente esquecidos pelas políticas públicas culturais, identificados, muitas vezes, de uma perspectiva “elitista”, distante das comunidades. Poucos recursos eram investidos em sua infraestrutura, na manutenção de seus acervos, na elaboração de programação e estudos de pesquisa e público. Salvo raras exceções.

Após uma gestão do Antropólogo José do Nascimento Júnior, que reestruturou o Sistema Estadual de Museus no Rio Grande do Sul, entre 1999 e 2002, que criou-se a carta de Rio Grande, naquela cidade, foi elemento que trazia a reivindicação do setor museal por políticas públicas, o Antropólogo José do Nascimento Júnior, assume a Diretoria de Museus do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 2003.

A partir deste ano surge o “nascimento de um legado” que o Sr. José do Nascimento Junior em prol da museologia brasileira, ao qual constituiu uma Política Nacional de Museus, o Plano Nacional Setorial de Museus, definindo estratégias para cada uma das especificidades que compõem os museus, os Fóruns Nacionais de Museus, que estabeleceram uma integração e construção participativa do setor museal brasileiro, os editais de fomento com a ampliação em 1.000% dos investimentos na área museal, que obtinha poucos recursos para a sua efetivação de manutenção e investimento, a implantação dos pontos de memória, que ampliou o diálogo com as comunidades, a ampliação dos cursos de graduação e pós-graduação em museologia, e por conseguinte, as publicações, formação necessária para atuação em nosso setor, a aquisição de mais de 75 mil bens culturais para os museus do Ibram, fortalecendo a salvaguarda do patrimônio brasileiro, e a própria criação do Ibram, instrumento fundamental para fomentar as  ações museais, e do Estatuto de Museus, lei que permite determinar um regramento sobre seu funcionamento, criando uma cidadania institucional. Apenas para citar algumas destas conquistas tão relevantes.

Hoje o Brasil é conhecido e reconhecido mundialmente por sua atuação nos museus, criando oportunidades, conceitos, indicativos e instrumentos culturais que permitem diagnosticar com bastante clareza a realidade dos museus de nosso país. O Sistema Brasileiro de Museus, através do seu conselho gestor, é o exemplo dessa construção que foi fundamental para que o Ibram chegasse e oportunizasse acesso de recursos e informações as mais longínquas casas de memórias deste país.

Neste ano, vai acontecer, ainda, a Conferência Geral do ICOM, importante debate internacional sobre a construção museal, e outros projetos e programas elaborados com o objetivo de consolidar os museus em seu papel social e estratégico para a memória, como o Plano Nacional de Educação Museal (PNEM). Assim, o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), o qual se referendou e consolidou uma ferramenta indissociável para elaboração, formatação, difusão, preservação e pesquisa de instrumentos e políticas públicas para o setor museal.

A trajetória do Nascimento como Presidente do Ibram, teve valiosa importância para a cultura do País no que diz respeito ao setor dos Museus, ao longo dessa década o Sr. José do Nascimento Junior, empenhou esforços para que os museus tivessem uma nova atuação frente à cultura, seu mérito foi sempre primar pela construção participativa, envolvendo diversos profissionais de museus, estabelecendo diálogos e respeitando as identidades desse Brasil meridional, demonstrando que a memória é elemento de construção de direitos humanos individuais e coletivos, ratificados na experiência onde cada um elabora o seu entendimento sobre a vida, com criatividade, com arte, com história, com memória, como ponte que une o passado ao presente, projetando um futuro de uma sociedade.

Desta forma quero deixar registrada a relevância da atuação de José do Nascimento Junior, frente a esta autarquia federal, o qual cumpriu com méritos e louvor, uma importante etapa da construção museal brasileira. Um legado de trabalho e dedicação que mostra o compromisso de um país mais justo e igual para todos nós.

A preservação das nossas memórias através dos museus é a esperança de ler e reler nossos patrimônios, nossas simbologias, nossos significados, nossa sociedade, para que a imaginação sempre possa ser instrumento de tradição, contradição e principalmente de reflexão do nosso cotidiano.

Joel Santana da Gama (Historiador/ Pós Graduado em Educação em Direitos Humanos – Coordenador do Sistema Estadual de Museus do Rio Grande do Sul)

*Publicado originalmente no Jornal Sul 21

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DISCURSO DO SECRETÁRIO ASSIS BRASIL NO LANÇAMENTO DO SISTEMA ESTADUAL DE CULTURA, EM PORTO ALEGRE/RS

Porto Alegre, 05 de março de 2013.

 O Rio Grande do Sul sente-se honrado com a presença de Vossa Excelência, especialmente nesta data em que pela manhã, divulgou entre nós a ideia do vale-cultura, este complemento de inclusão social social do trabalhador,. Sabemos o quanto está atenta ao processo de consolidação desse programa, e pode contar conosco para o seu aperfeiçoamento.

 O Governo do Estado tem grandes parcerias com o Ministério, e vão desde a construção da Sala Sinfônica, esta antiga aspiração do povo rio-grandense, até a implementação de 160 Pontos de Cultura, preferencialmente instalados nos Territórios de Paz criados pelo Governador Tarso Genro, até a modernização das mais necessitadas Bibliotecas Públicas Gaúchas e a instituição de centenas de Agentes de Leituras. É uma ação conjunta que tem dado certo, e que desejamos mantê-la e ampliá-la.

Hoje é um grande dia para o Rio Grande, pois o Governo do Estado, cumprindo mais uma de suas propostas à comunidade gaúcha, envia à Assembléia Legislativa sua proposta de Sistema Estadual de Cultura, fruto de um trabalho de quase dois anos. Na Assembléia o texto será submetido a audiências públicas até que cheguemos a um denominador comum que possa comtemplar a imensa variedade cultural de nosso estado. Agradeço, em nome da equipe da Secretaria da Cultura, o apoio da Procergs, que tem sido incansável no atendimento de nossas demandas, inclusive confeccionando o Mapa Digital da Cultura do Rio Grande. Com essas medidas, entramos em um novo patamar em termos de gestão pública da cultura, e que queremos compartilhar com Vossa Excelência, Ministra, este momento tão significativo para este estadoque tanto tem dado ao páis, defendendo-o com generosidade e colaborando para que tenhamos um Brasil mais forte e democrático.

Assis Brasil (Secretário de Estado da Cultura do RS)

Fonte: Asscom SEDAC

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DISCURSO DA MINISTRA MARTA SUPLICY NO 5° FÓRUM NACIONAL DE MUSEUS, EM PETRÓPOLIS/RJ

Petrópolis, 22 de novembro de 2012

Quero cumprimentar o Ibram e a Associação Brasileira de Museologia pela realização deste 5º Fórum Nacional de Museus.

O Fórum é um espaço que estimula a criação de redes de informação entre os profissionais do setor, permite ampliar o intercâmbio entre os profissionais da área e entre os estudantes de museologia e áreas afins, além de divulgar os museus brasileiros.

Acabei de passar pelo espaço Conhecendo Museus aqui no Fórum. Esse projeto, que entra em sua 3ª edição no próximo ano, apresenta os museus de forma lúdica e divertida. O valor total do Projeto é de R$3,1 milhões. A primeira edição contou com 15 vídeos, a segunda, que está na grade de programação da TV Brasil, contemplou 52 instituições museais e a próxima edição terá 60 episódios.

Hoje, no Brasil, existem 3.260 museus. Entendo os museus como serviço público. São revestidos de uma dimensão política, que extrapola as funções clássicas de preservação e comunicação de bens culturais. Representam, a meu ver, a diversidade cultural brasileira e, portanto, devem ser acessíveis ao maior número de cidadãos.

Nos últimos 10 anos, os investimentos no campo museal cresceram quase 1.000% porque as políticas adotadas desde 2003 conseguiram resignificar a importância dos museus, mostrar o quão rentável é para o investidor e para a sociedade o investimento em cultura. Nosso esforço agora é garantir e elevar o campo museal para o padrão de excelência que almejamos, profissionalizando e valorizando os seus agentes. Em todos os elos da cadeia.

Estive na Câmara dos Deputados, no começo do mês e pedi R$250 milhões para os museus. Naquela ocasião ressaltei, e reforço que o ideal seria não depender das Emendas Parlamentares, mas que o ministério precisa desse reforço financeiro. Todos os estados têm museus e precisamos de orçamento, principalmente para os estados que têm cidades-sede para a Copa 2014 ou que estejam até três horas das sedes. O visitante vê o jogo e depois vai passear: queremos que estes lugares tenham estrutura. A nossa parte no MinC é garantir isso.

Um exemplo claro de que a sociedade tem se interessado mais e mais por cultura é a Semana de Museus. Sua primeira edição foi realizada em 2003, quando contou com a participação de 57 museus, os quais realizaram cerca de 270 eventos. Com o passar dos anos, mais e mais instituições culturais foram se engajado nessa ação, de modo que a 10ª Semana teve um recorde de inscrições: contou com mais de mil participações e aproximadamente 3.500 eventos realizados em todo território nacional. Em 2013, esperamos aumentar ainda mais não só a quantidade de instituições e eventos, mas o público. O tema da 11ª Semana de Museus é Museus (memória + criatividade) = mudança social.

Para isso, o Ministério da Cultura e o Ibram têm trabalhado na qualificação do setor museal. Cerca de R$ 20 milhões serão destinados a prêmios e editais, ainda em 2012 e em 2013. O Programa de Fomento aos Museus possui dez editais convênios e prêmios voltados a apoiar instituições, implantar e modernizar museus, criar e fortalecer sistemas de museus, bem como premiar obras, iniciativas de práticas educacionais e trabalhos jornalísticos.

Além disso, cerca de R$7.100.000,00 foram destinados aos museus vinculados ao Instituto. Dez instituições já estão em obras ou vão sofrer reformas para melhor atender aos visitantes.

Também está previsto a implantação do Registro dos Museus Brasileiros, em parceria com os Sistemas de Museus Estaduais e Municipais. O Registro permitirá o acompanhamento da criação, fusão, incorporação, cisão ou extinção de museus no País e será gratuito. Irá contribuir para o estreitamento da relação do Ibram com os museus brasileiros, estimulando sua visibilidade junto à sociedade e divulgando as instituições que se encontram a serviço da difusão da memória e do conhecimento.

O Cadastro Nacional de Museus, importante instrumento do setor, lançará, em 2013, um novo sistema de coleta e disponibilização de dados para o público, a partir de um questionário completamente reformulado.

E, em total sinergia com os propósitos do Ministério da Cultura de promover na pasta uma revolução nos meios de comunicação, principalmente na internet, o Projeto Acervo em Rede, significará um investimento da ordem de R$10 milhões na criação de uma estrutura livre de publicação e difusão de acervos culturais presentes nas iniciativas de memória de todo o país.

E, ao falar de iniciativas de memória, não podemos deixar de falar do Programa Pontos de Memória, que, nos próximos dois anos, receberá um aporte de R$6 milhões. O Programa é voltado à identificação e ao fortalecimento dos diversos grupos sociais no Brasil e do Brasil em outros países e esse aporte ampliará significativamente sua atuação no país e no exterior.

O Ibram também trabalha para preservar os cerca de 70 milhões de itens que fazem parte do patrimônio musealizado no Brasil. O Programa de Gestão de Riscos ao Patrimônio Musealizado Brasileiro, que tem por objetivos subsidiar a atuação do conjunto dos museus brasileiros no que toca ao planejamento das atividades que visam minimizar perdas faces aos riscos e ameaças mais comuns, irá, em uma primeira fase, receber R$500 mil para implantação de comitês de gestão de risco estaduais e capacitação de voluntários.

Há, no âmbito do Ibram, diversas parcerias. Entre elas, com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, com vistas a fortalecer a relação museu e comunidade em prol da promoção da identidade cultural local. Também estamos trabalhando junto à Receita Federal para abrir a possibilidade de regularização para colecionadores que tenham sonegado tributos no ingresso de obras de arte no Brasil e garantir o amplo acesso da população brasileira a essas coleções.

Cabe à população discutir, participar e ajudar na formulação de políticas públicas para o setor. Lançado para consulta em outubro, o Programa Nacional de Educação Museal faz parte do conjunto dos sete eixos da Política Nacional de Museus. O Ibram pretende, com o programa, democratizar o debate em torno das questões da democratização e acesso aos bens culturais.

Por fim, em 2013, o Brasil receberá a 23ª Conferência do Conselho Internacional de Museus. Essa será a primeira vez que o país sediará a conferência, que acontece a cada três anos, reunindo profissionais de museus dos 137 países membros do ICOM. O Ibram assinou um termo de reciprocidade com o Icom Internacional, com o Estado do Rio de Janeiro e com a Prefeitura do Rio de Janeiro, cidade que sediará o evento, e irá aportar diretamente um milhão de reais e outros quatro milhões e novecentos mil reais por meio da lei de incentivo à cultura.

É importante ressaltar a atuação internacional do Instituto, que conta também com a presidência do Ibermuseus. São diversos acordos de cooperação e um orçamento de cerca de R$2.700.000 para 2013. Um passo importante foi dado junto a Unesco, este ano, que aprovou a proposta do Ibram para a criação de instrumento normativo internacional voltado à Proteção e Promoção do Patrimônio Museológico e Coleções. O trabalho agora é para que seja criado este instrumento, que vem a somar junto às outras tantas ações voltadas para o setor.

Cerca de R$ 53 milhões são previstos para todos os projetos e programas que eu citei aqui. Estes são só mais alguns passos na qualificação dos museus do Brasil. Queremos e trabalhamos para que, a cada dia, mais pessoas tenham acesso a arte e mais pessoas se capacitem para trabalhar nos nossos museus.

Antes de encerrar, faço aqui a minha homenagem à Unirio, pioneira em oferecer o curso de museologia no Brasil. Há 80 anos a universidade vem capacitando museólogos para cuidarem do nosso acervo e das nossas instituições.

Muito obrigada!

Marta Suplicy (Ministra de Estado da Cultura)

Fonte: Ministério da Cultura

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UM SISTEMA CONECTADO

A comunicação é algo fundamental em nossa “era da informação”, ela permite encurtar distâncias, promover diálogos, propiciando um desafio de interação, de conhecimento e compreensão das mais diversas realidades e especificidades, alargando nossa visão de mundo.

Um desafio constante e permanente que nos coloca em rede para pensarmos oo conhecimento das informações, sua utilização, sua importância, seus mistérios, mas também os seus contextos e sentidos que trazem imbuídos de abordagens e significados.

“O conhecimento das informações ou dos dados isolados é insuficiente. É preciso situar as informações e os dados em seu contexto para que adquiram sentido. Para ter sentido a palavra necessita do texto, que é o próprio contexto, e o texto necessita do contexto no qual se enuncia. Desse modo, a palavra “amor” muda de sentido no contexto religioso e no contexto profano, e uma declaração de amor não tem o mesmo sentido de verdade se é enunciada por um sedutor ou um seduzido.” (MORIN, 2001. p.36)

Por isso, o Sistema Estadual de Museus do Rio Grande do Sul, reorganiza seu site, no sentido de alargar sua interlocução com os museus, por meio das informações que esta ferramenta (site) pode propiciar, tanto para comunicar como para difundir e gerar conhecimento.

Sabemos que a reativação deste canal é um passo pequeno perante nossas demandas, mas é um esforço coletivo, pensado e elaborado com ferramentas de software livre, em licença comum de uso (creative commons), ou seja, cada vez mais o conhecimento dividido e compartilhado entre todos.

Esse é mais um espaço dos museus se encontrarem, e convidados a estarem em redes, atualizando as suas compreensões de mundo, de si e dos outros.

Bem vindo ao site do SEM/RS.

Joel Santana da Gama (Coordenador do Sistema Estadual de Museus do RS)

Referência: MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à  Educação do Futuro. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001.)